terça-feira, 6 de julho de 2010

No embalo de Sneijder e Robben

(De cuca legal, Robben repetiu contra o Uruguai o que Sneijder tinha feito contra o Brasil. Pedro Ugarte, AFP/Getty Images)

Mais um jogo e mais uma vitória. Foi assim que a Holanda conquistou, nesta terça-feira (05), o direito de disputar a sua terceira final de uma Copa do Mundo. Com o triunfo por 3 a 1 sobre o valente Uruguai, o time dirigido por Bert Van Marwijk confirmou a boa fase e apenas aguarda o vencedor do confronto entre Alemanha e Espanha para saber com quem vai decidir o maior torneio de futebol do planeta. Pontos positivos para uma equipe que segue invicta há quase 30 partidas e que tem em Wesley Sneijder e Arjen Robben seus dois grandes protagonistas.


Na partida desta terça-feira, a Holanda de Bert Van Marwijk mostrou todo o seu repertório. O primeiro gol da Orange surgiu quando o lateral esquerdo Gio Van Bronckhorst, até então o mais tímido dos holandeses no apoio ao ataque durante toda a Copa do Mundo, acertou um chutaço, mandando a bola no ângulo do goleiro Muslera e marcando um dos gols mais bonitos do Mundial. Ainda no primeiro tempo, porém, o Uruguai empatou a partida, em mais um belo gol no jogo. De fora da área, o craque celeste Diego Forlán bateu bonito e contou com a colaboração de Stekelenburg. Foi um sinal que, assim como nas partidas anteriores, a Celeste Olímpica não entregaria os pontos facilmente.

No segundo tempo, Bert Van Marwijk mostrou porque tem a consideração e o respeito dos jogadores holandeses, ao sacar De Zeeuw e mandar a campo Van der Vaart, em uma ousada substituição que obrigou a Orange a jogar o restante da partida com apenas um volante de contenção. Com um pouco mais de espaço para jogar, o Uruguai até começou melhor a segunda etapa e mandava no jogo até entrarem em cena os dois grandes protagonistas da Holanda. Em um espaço de cinco minutos, Sneijder e Robben marcaram, cada um, um gol e praticamente selaram a classificação da Holanda, algo que só foi colocado em xeque com o gol de Maxi Pereira nos acréscimos.

A vitória de hoje da Holanda serviu para mostrar que nem mesmo toda a raça do mundo supera o talento quando chega a hora de decidir. Vindos de excelente temporada, Sneijder e Robben mostraram quanta diferença faz ter craques no time. Quando o camisa 10 holandês marcou o segundo gol da Orange, o Uruguai era melhor na partida, ainda que jogasse sem dois dos seus principais jogadores - Diego Lugano e Luis Suarez. Nessas horas, fica bem claro que ter grande jogador em grande forma física e técnica é essencial. Ter dois grandes jogadores em excelente fase, então, é o que há de melhor. E assim Robben apareceu, marcando de cabeça o gol que sacramentou a classificação da Holanda.

No jogo em que a Holanda reforçou as suas credenciais ao título, impossível não elogiar a garra e a doação dos jogadores do Uruguai. Líderes em um complicado grupo em que tinham a companhia de França, África do Sul e México, os uruguaios mostraram força e disposição na Copa do Mundo, chegando às semifinais depois de 40 anos. Deu gosto de ver a Celeste Olímpica se entregando em campo e não desistindo nunca. Que o futebol uruguaio volta a ser o que foi na primeira metade do século passado!

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Dunga e o seu time de merda...

(Sneijder marca o segundo gol da Holanda e enterra o sonho do hexa na África do Sul. Pierre-Philippe Marcou, AFP/Getty Images)

Não dá para dizer que a desclassificação da Seleção Brasileira na Copa do Mundo da África do Sul chegou a surpreender. No único jogo realmente complicado do Brasil no Mundial, o time de Dunga mostrou todas as limitações que todos nós estávamos carecas de saber que existiam: na hora do aperto, Felipe Melo perdeu a cabeça, o banco de reservas não inspirou confiança e Dunga provou que não é um técnico de verdade. Já vi muita gente dizendo que é oportunismo falar desse jeito, mas a verdade é que essa novela já tinha enredo, e ele foi cumprido à risca. Que todos aprendam com os erros de 2010 como parece que aprenderam com alguns dos equívocos de 2006. E que o único país pentacampeão mundial de futebol seja capaz de montar um grupo forte para a Copa do Mundo de 2014, em solo brasileiro.


Embora tenham conquistado a Copa América de 2007 e a Copa das Confederações de 2009, Dunga e seus comandados nunca inspiraram muita confiança. A aposta em jogadores em má fase na convocação definitiva para a Copa do Mundo aumentou ainda mais a desconfiança da torcida verde e amarela com a Seleção Brasileira. Doni e Júlio Baptista (reservas na Roma), Kléberson (reserva no Flamengo) e Grafitte (convocado depois de jogar apenas 10 minutos com a amarelinha sob o comando de Dunga) foram as convocações mais contestadas no grupo que buscaria o hexa na África do Sul. O treinador gaúcho, contudo, justificou suas escolhas em nome do que ele convencionou chamar de "coerência".


Tudo bem que Dunga tenha as suas convicções. Tudo bem que ele acredite que Doni, Kléberson, Júlio Baptista e Grafitte possam contribuir para uma Seleção Brasileira que busca o seu sexto título mundial. Mas dizer que é coerência convocar um goleiro que jogou oito dos 38 jogos da Roma no Campeonato Italiano ou um meia que é reserva de um clube que não consegue chegar à decisão do Campeonato Carioca é uma tremenda brincadeira de mau gosto. E para que incoerência maior que convocar dois meias para a lateral esquerda e escalar um lateral direito no meio de campo? Ah, Dunga!


Mais do que apostar em nomes em má fase e de qualidade duvidosa, chamou atenção o fato de Dunga não ter convocado jogadores em boa forma técnica e física. Hernanes, Ganso, Neymar e Ronaldinho Gaúcho, por exemplo, poderiam estar no grupo que fracassou na África do Sul. Mas não estavam porque Dunga não abriu mão da sua "coerência", que premia atletas em baixa e pune o talento, o improviso e a magia. Ganso e Neymar não eram nada há um ano? Tudo bem! É difícil discutir isso! Thomas Muller também era um ilustre desconhecido 12 meses atrás e hoje é uma das engrenagens que empurra a Alemanha para o seu quarto título mundial.


Em resumo, as apostas - de Dunga e da CBF - mostraram-se falhas. A campanha na Copa do Mundo mostrou que Dunga não era realmente o melhor nome para substituir Carlos Alberto Parreira no comando da Seleção Brasileira. Faltava-lhe experiência e capacidade, algo que ficou claro nos últimos minutos da derrota por 2 a 1 para a Holanda, quando o treinador gaúcho apenas assistiu o seu time jogando desordenadamente em busca de um empate que andou longe de acontecer, ainda mais quando se entrega a armação da equipe a jogadores como Lúcio e Gilberto Silva.


Agora, é torcer para que a CBF faça uma escolha decente para o cargo de treinador da Seleção Brasileira, já que Dunga e toda a sua comissão técnica foram dispensados no último domingo (04). Que venham Felipão, Luxemburgo ou até Leonardo! Mas que nem pensem em Mano, Muricy e Ricardo Gomes, pelo amor de Deus!